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Afinal, a crise já existe ou estamos esperando por ela?

As oportunidades trazidas por períodos adversos devem ser aproveitadas para dar impulso aos negócios
 

Desde o último trimestre de 2008, os brasileiros têm tido três tipos de sensação em relação à crise: 1 - estamos entrando nela; 2 - ela já faz parte de nosso cotidiano; 3-  fatalmente ela chegará até nós. Os otimistas, em número menor cada vez menor, afirmam que a turbulência não atingirá o País. Na realidade, já vimos este filme outras vezes e as conseqüências foram sempre as mesmas: diminuição da atividade econômica, redução da força de trabalho e empresas fechando as portas ou sendo absorvidas por outras. Os números estatísticos atuais mostram uma conjuntura muito parecida.
 
Não importa a origem e a complexidade da crise, as formas de combater suas conseqüências são bastante conhecidas, especialmente para os executivos, que desde o início dos anos 80 vêm passando por todas elas. Com inflação ou sem ela, com juros altos ou baixos, com recessão ou não, ações imediatas devem ser tomadas para não colocar em risco a sustentabilidade das corporações nos próximos anos. As oportunidades trazidas por essas ocasiões devem ser aproveitadas para dar impulso aos negócios. Ora, se o mercado está em franca mudança, nada mais lógico e necessário que um ajuste no modelo de negócio, na estratégia e nos processos operacionais.
 
Toda crise tem uma resistência própria, diferente em cada país. O ano de 2009, pela situação de liquidez financeira mundial apertada, terá alguns sobressaltos no mundo inteiro. Mas não sucumbiremos. Afinal, as reservas cambiais nos ajudarão na medida do possível e, se olharmos para 2010, ano de eleições, veremos que historicamente sempre há otimismo e incremento nos negócios com o governo. O lado ruim, entretanto, é que provavelmente em 2011 teremos outro aperto financeiro (algo corriqueiro desde a volta das eleições livres). Estaremos, nós executivos, preparados para aproveitar as oportunidades de negócios nascidas nessas épocas de oscilação econômica? Estarão os modelos de negócios, estratégias e processos ajustados e prontos para abocanhar novas fatias de mercado? Estarão as organizações (inclusive no que tange ao capital humano) e sistemas aptos a reagir e operar de forma aderente com os processos otimizados para a nova situação?
 
Temos acompanhado a reação de várias empresas do País, e as ações são sempre bastante ortodoxas. Começam sempre com uma redução de custos, como se tal ação não fosse importante mesmo em tempos de bonança. Dentro da prática comum, são cortados custos linearmente, independentemente da produtividade de cada processo onde se aplica o corte. Cancelam-se treinamentos, eventos, viagens, novas contratações, promoções, aumentos salariais, investimentos, ações de marketing etc., sem uma análise mais seletiva e profunda nos processos de negócios. É evidente que otimizar custos deve ser uma preocupação sempre, e não só em momentos de crise. Também devemos sempre pensar nos valores que podem ser "vistos" e "sentidos" pelos clientes. De nada adiantam ações de redução de custos se, concomitantemente, não houver uma análise do modelo de negócio, da estratégia e dos processos.
 
Enquanto diversas empresas optam por reduzir investimentos, outras, atentas às oportunidades em novos (ou velhos) mercados, aproveitam os baixos preços de ações, equipamentos e serviços adequando-se corretamente ao novo modelo de negócios ou estratégia para o curto e médio prazo. A competição continua e só sobreviverão os melhores. Não importa o tamanho. A história sempre mostra que grandes empresas mal administradas quebram tanto quanto as pequenas. Apenas com mais barulho e maior dano à sociedade como um todo. Afinal, em qual crise você se encontra no momento? A do passado, a do presente ou do futuro?
 
A globalização não tende a acabar, pelo contrário, ela se tornará cada vez mais intensa em todos os sentidos, mas principalmente na vertente dos mercados, ou seja, de uma economia globalizada em que todos contribuem para o equilíbrio e o desequilíbrio simultaneamente. Ter um modelo de negócio e uma estratégia que não leva isso em consideração é correr um grande risco. A correta opção entre um caminho ortodoxo ou heterodoxo fará a diferença para alcançar-se o sucesso. Independentemente da escolha, lembre-se que nos dias de hoje inovar e mudar são premissas básicas para uma possível possibilidade de sobrevivência. Não confie na vida eterna da sua empresa. Inovação e atualização farão a real diferença.

Dieter Kelber é pesquisador, consultor e Diretor Executivo do Grupo INSADI, treinamentos e consultoria em gestão empresarial

 
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Vagner F. David
vagnerfd@pridecommerce.com
11 9766-8986
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